Como não sou nenhum Machado de Assis, começarei pelo princípio. Falarei antes sobre os defuntos que de alguma maneira são meus autores.
Sim, começarei pelos meus antepassados.
Hoje, conosco, a família Paiva.
Infelizmente sei bem menos do que gostaria.
O meu Paiva vem do meu avô, Jair Paiva, casado com minha avô, Ede.
(só agora percebi que não sei o nome deles inteiros !)
Os dois tiveram três filhos, o mais velho, o único homem, e meu padrinho, Renato Paiva. A do meio, minha mãe, Brígida Gonçalves Paiva e Silva, e a mais nova, madrinha de minha irmã, Luciana Paiva.
Meu avô, Jair Paiva, foi um homem incrível. Nasceu pobre, lembro que me contaram que ele foi criado praticamente embaixo do balcão do açougue em que minha bisavó trabalhava, se bem me lembro.
Ficando mais velho, trabalhou como caminhoneiro. Incessantemente, tanto é que depois acabou fundando sua própria empresa de transportes, chamada "Trans Paiva". Lá ele construiu praticamente tudo que minha família tem ainda hoje.
Acabou sendo por isso o modelo perfeito do "Self-Made man" capitalista. Infelizmente, também incorporou outros aspectos nada bons de um homem capitalista. Vivia para trabalhar, o que infelizmente fez com que seu intelecto se limitasse às suas atividades.
Dessa maneira, era facilmente manipulado pela moral e costumes vigentes, sempre tentando seguir os padrões comportamentais tidos como bons pela sociedade. E também exigia tal comportamento da família inteira.
Contudo, era um homem incrível, sempre amou muito todos os familiares, mesmo raramente demonstrando. Se cometia alguma barbaridade com algum deles era simplesmente pelo fato de se ver obrigado a cometer tal barbaridade segundo a moral vigente, que realmente o aprisionou.
Ele morreu quando eu tinha 6 anos, quando eu estava me recuperando de uma fratura exposta na perna esquerda.
Devo confessar que amei poucas pessoas tanto quanto eu o amei. Adorava ele. Sempre com um sorriso na cara, um chocolate na gaveta e com uma barriga enorme, acabou concretizando em mim a imagem do gordo gente boa, bonachão e alegre. Quero ser um avô igual a ele.
Infelizmente, teve problemas no coração na década de 80, e após uma cirurgia feita por causa desses males cardíacos, teve problemas psicológicos. Disseram-me que desde essa cirurgia ele tinha crises maníaco-depressivas. Em 1990, eu estava numa cama na casa da vô Ede, me recuperando da perna quebrada quando eu vi a Dinda (Luciana) correndo pelo corredor:
"Tem sangue na cabeça do pai."
Ela havia acabado de receber a notícia. Meu avô tinha dado um tiro em sua própria cabeça.
Três dias depois ele faleceu.
Minha avó Ede, a Vó Ede, foi durante muito tempo submetida ao papel de dona de casa pelo meu avô. Na verdade, só pode sair desse papel quando ele morreu. Como disse anteriormente, ele era preso aos padrões morais e aos costumes vigentes, e, infelizmente, eles ditavam que mulheres não podiam trabalhar.
Isso não significa que ela nunca trabalhou. Antes de ela se casar com meu vô, ela era cabeleleira, e até trabalhou ainda um pouco depois do casamento, mas logo a pressão de meu avô a forçou a abandonar o trabalho.
Então, ela realmente assumiu o papel de dona de casa. Tornou-se uma exímia costureira e cozinheira. Ela realmente amava meu avô, por isso acha que ela aceitou renunciar ao seu antigo estilo de vida.
Infelizmente, como meu avô era um workaholic, não raro ela ficava várias noites sozinhas, o que a fez sofrer muito. Mas, ela passou por tudo isso sem nunca trair ou ser traída por meu avô. Como disse, os dois se gostavam mesmo. Não haveria espaço para isso.
Educadora severa, quando os filhos brigavam ela separava de início, e depois, levando-os para um lugar devidamente vazio, mandava que se engalfinhassem. Claro, nessa hora, eles sempre se acovardavam.
Com a morte de meu avô ela sofreu muito, mas, acabou por se tonar uma pessoa mais independente e até mesmo realizada. Lembro que ela trabalhou com uma confecção uma época, mas, não lembro qual foi o fim do empreendimento. Depois disso ela passou a se dedicar à trabalhos voluntários, ajudando doentes no centro de oncologia de Varginha e passou a ser ainda mais ativa nas igrejas que freqüentava. Vale dizer, toda a família Paiva é fervorosamente católica. Tanto é, que uma das coisas que sempre mais me fascinou foi a coleção de Santos que a Vó Ede tem. Mesmo eu sendo ateu, acho-a maravilhosa.
Hoje, ela praticamente está com essa mesma agenda. É Ministra da Eucaristia na igreja do Hospital Bom Pastor em Varginha, e não raro faz trabalhos voluntários.
Tenho um enorme orgulho de ambos.
Amanhã, caros leitores, daremos uma olhada nos pimpolhos desse adorável casal.
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3 comentários:
Olá....vc é filho da Brigida coordenadora do curso de direito d Três Corações??
Parabéns.... Vc tem uma mãe e mestra maravilhosa...
Sim sim, sou eu mesmo o filho desta Brígida.
Muito obrigado pelos elogios, eu tenho absoluta certeza que ela ficará radiante ao saber que até aqui o trabalho dela está sendo reconhecido.
Espero que aproveite cada vez mais seu curso !
Como a vida é interessante, se não fosse seu tio Elvio e seu avô Jair viciados em trabalho você não teria a vida que tem. Procure saber melhor sobre os seus antepassados que não foram apenas bonachões foram empreendedores de um nível muito elevado e pessoas de uma honestidade impar. Sem contar que aproveitaram a vida em grande estilo e eram bem quistos por todos , pessoas de baixo e alto gabarito entravam e saiam de qualquer lugar e tinham muita moral.
E aprenda uma coisa a humildade é o último degrau da sabedoria e isso eles tinham sobrando e procure não comentar a vida de sua família usando o meio mais promíscuo que é a internet.
Felicidades.
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